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Jardim Edite. Brooklin. Ao lado, a ponte Estaiada. foto: Fabrício Amorim |
Bem estar pelo
respeito à cidadania. Por uma redução da desigualdade gritante que durante
séculos assolou, e ainda assola, milhões de pessoas. A miséria não é admissível
em uma sociedade que os benefícios sociais são direito de todos, seja qual for a classe social ou posição hierárquica.
Nos últimos
textos este blog tocou em temas sensíveis, espinhosos, mas que procuraram ser
mais um norte, um singelo reforço na busca de uma reflexão sobre o Bem
Estar, a Cidadania (conjunto de direitos), e as minorias. Um monte de besteiras
para os defensores do neoliberalismo feroz. Um monte de palavras que
ajudaram a enriquecer o debate para muitos outros.
Ao escrever
sobre estes assuntos solto um grito da garganta que ficou preso - que
preciso colocar para fora de qualquer maneira. Em uma entrevista ao jornal
Folha de São Paulo (21/05), o cineasta Constantin Costa-Gravas, prestes a lançar seu filme “O Capital”, no Brasil (31 de maio), foi questionado sobre
suas ‘inquietações políticas’, e respondeu: "Minha mãe sempre me dizia:
'Nunca se meta com política!'. Jamais pertenci a um partido ou defendi uma
ideologia, mas é preciso se posicionar, deixar claro se você está do lado do
mais forte ou do mais fraco. A indiferença é confortável, mas paga-se um preço
muito alto por ela".
O cineasta foi
preciso. Não é possível ficar em cima do muro ou muito menos se esconder. Mesmo
adotando a submissão, algum lado é preenchido. No meu caso, o grito definitivo em
favor de uma posição foi dado em 2007 com o início da ameaça de remoção da
favela do Jardim Edite, localizado na cidade de São Paulo durante o governo Kassab. Neste triste episódio de tentativa de segregação (que ocorreu e muito nesta
última administração), o final será feliz. Pelo menos se encaminha para
isso.
E não foi
fácil. Foram anos de batalhas judiciais na luta contra a prefeitura, em um embate que até o Ministério Público do Estado de São Paulo intercedeu. A favor
das famílias, claro. Até o início de junho, 180
famílias (eram quase 800) retornarão ao local em que residiam na favela, agora urbanizada. Os prédios terão no seu entorno uma creche, uma escola
técnica e uma Unidade Básica de Saúde (UBS), além da ponte Octavio Frias de
Oliveira, popularmente conhecida como ponte ‘estaiada’, da Rede Globo, e de
diversos monstros envidraçados que quase tocam o céu. “Os favelados invadiram e
ganharam o apartamento. Eu também quero”, alguém irá vociferar. Sem contar os
comentários preconceituosos, que é melhor não escutar e preferível não ler. Bom para a saúde do estômago, acredite. É importante enfatizar que os moradores
quitarão suas casas em até 25 anos, de acordo com a condição financeira de cada
um. Esta conquista é a concretização de um sonho e um suspiro de esperança contra a exclusão.
Com as
habitações devidamente ocupadas voltarei a falar sobre o assunto no blog. E este será o novo direcionamento. Continuarei abordando temas políticos,
sejam eles quais forem, principalmente com este cenário antecipado e pujante. Desta vez,
haverá atenção especial a temas que envolvam direitos humanos, direitos
políticos, e a interferência do Estado na economia. Enfim, assuntos levantados
por um chato e hipócrita. Em outras sociedades, debater, discordar, protestar é
essencial para o crescimento de um país. Por aqui, muitas vezes, o cara é um “desagradável”
que deveria sofrer uma ‘lavagem mental’ para não escrever tanta besteira. O
pensamento crítico incomoda e nem ao menos é contestado de forma coerente,
porque o texto não é lido. É a correria do cotidiano, vai, justifique. Neste
caminho cheio de curvas, sigo na contra mão do pensamento individualista e
meu combustível é o que deixa meu coração palpitante, meus olhos saltados e
minha mente em erupção.