terça-feira, 6 de agosto de 2013

Quanto vale a fidelidade da base?

Fidelidade é a palavra chave para o Governo no momento. A lealdade da base parlamentar para cumprir a agenda do Executivo já não caminhava bem antes das manifestações de junho. Vimos que após os gritos das ruas, a popularidade da presidente Dilma Rouseff (PT) desceu a ladeira, e o cenário piorou. Fechou de vez. Onde pode respingar em si, o sujeito corre. E pra bem longe. É a lógica simples de 2014, que deve surgir em néon na mente dos parlamentares: onde a ventania do povo bater, ele estará lá, ouvindo a massa, rejeitando projetos impopulares junto à seus pares. 

O novo sistema definido pelo Congresso de apreciar os vetos presidenciais de qualquer maneira - mesmo que tranquem a pauta - esquentou o clima de vez e provocou reação imediata. A primeira investida não causou muito impacto. Dilma autorizou a liberação de R$ 2 bilhões em emendas feitas por deputados e senadores vindos do orçamento da União. O dinheiro sempre serviu como “moeda de troca”, mas há alguns meses caciques exigem que o valor seja fixo, acabando com os acordos republicanos em nome da governabilidade. O dinheiro referente às emendas é utilizado pelos parlamentares em seus redutos, ajudando os municípios ou regiões. 

Foi pouco.

O projeto do orçamento impositivo, que obriga o Executivo a liberar recursos para as emendas parlamentares deve ir amanhã (7) ao plenário e pode azedar a relação de vez. De olho no retorno da obediência, Dilma convocou reunião hoje (6) com os líderes das bancadas onde admitiu as falhas na interlocução entre os poderes, sem culpar a Ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti – muito criticada pelos parlamentares - faz tempo. De seu perfil “gerentona”, Dilma prometeu mais diálogo com a base, e marcou novo encontro com os parlamentares no dia 12. A preocupação é válida. 

Na lista de vetos com risco de caírem está o que impediu o fim da multa adicional de 10% sobre o saldo das contas de FGTS na demissão sem justa causa de trabalhadores; a medida provisória do programa - “Mais Médicos”; e a proposta que destina os recursos  dos royalties do petróleo para educação e saúde. O Planalto quer que a receita seja direcionada totalmente a área da educação. Além disso, votações de projetos que desagradam o governo podem perder a direção.

A fidelidade da base vale muito. Significa recuperar o rumo da governabilidade. Tarefa dura depois de estremecer uma relação que não é boa desde que Dilma subiu a rampa do Planalto.

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