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Marina Silva e Eduardo Campos Foto: Eduardo Braga/FolhaPress |
Sem êxito na
criação da Rede Sustentabilidade, a ex-senadora Marina Silva decidiu ingressar
no PSB, consolidando-se como terceira via para o pleito de 2014. É, sem sombra
de dúvida, uma grande vitória para o presidente da sigla Eduardo Campos, que
acabou com uma aliança histórica com o PT, aproximando-se e atraindo nomes da
oposição em um processo de realinhamento do partido.
A novidade não
configura, no entanto, um bom cenário para Aécio Neves (PSDB) que pode ficar de
fora do segundo turno, este sim, assegurado. O capital de 20 milhões de votos
adquiridos em 2010 por Marina deve levar a disputa para uma segunda etapa desde
que a ex-senadora seja a cabeça na chapa puro sangue. É um cenário arriscado
para Campos, porém Marina deve projetar a sigla enquanto cria sua Rede. Difícil crer nessa hipótese dadas as claras e legítimas ambições de Campos. Grande
parte da população não vota em partidos, mas sim em nomes. Nisso , é certo
que os dois quadros devem bater de frente na eleição de 2018 e, por isso, não
encaixam na mesma engrenagem por muito tempo.
O grupo
governista, por sua vez, deve estar coçando a cabeça e fritando os miolos.
Marina representa grande peso nas urnas e Campos têm muita representatividade
em sua base, o que pode levar o PT a perder votos importantes e fundamentais no
Nordeste. O cenário em condições de igualdade dependerá muito do desempenho da
economia e dos reflexos do julgamento do mensalão, o que se mostrou inócuo na
vitória de Fernando Haddad (PT) em São Paulo. João Santana deve estar repensando a "antropofagia de anões", expressão que utilizou para comentar a eleição de 2014 em que crava vitória de Dilma no primeiro turno. A entrevista com o marqueteiro está disponível na Revista Época desta semana.
Com o discurso
de “novas idéias e práticas políticas” Campos e Marina tem como alvo acabar com
a polarização PT x PSDB. É possível. A argumentação marinista, entretanto, não
cola. A Rede nascia dizendo: “somos diferentes”, com a promessa de não
compactuar com a ‘mesmice’ política, de não entrar no ‘establishment’. A realpolitk, porém, tem gosto amargo e
Marina deve saber bem disso agora. Segundo Marina, sua decisão levou em conta
quebrar a polarização existente no país. Com isso, conversas com o PPS de
Roberto Freire já ganham corpo. A opção de Marina no fechamento das portas da
filiação partidária (hoje) demonstra a confiança do projeto de uma ‘nova
oposição’ em confronto direto com o esgotamento do lulismo – que ainda tem
muito fôlego nas urnas. Vai ser interessante.
Rede
Ficou difícil
pensar, argumentar, analisar, conversar sobre a decisão do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) que barrou a Rede. Em qualquer indicação a favor do TSE, não
demorava pra ser taxado de governista, reduzindo a discussão ao ponto zero. A
estranheza partiu da aprovação do PROS e do ‘Solidariedade’, partidos que
incharam ainda mais o quadro político: são 32 legendas ativas e mais 25
esperando o aval do Tribunal. O provável casuísmo que ajudaria a tirar Marina
Silva do páreo perde força, no entanto, ao analisar o tempo que as novas siglas
vêm tentando o registro. O PROS, Partido Republicano da Ordem Social é
construído desde 2006. O ‘Solidariedade’, de Paulinho da Força, desde 2008.
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